Aqui postarei assuntos pertinentes à Catequese. Sejam bem vindos e compartilhem com outros, como o faço aqui.
domingo, 7 de setembro de 2014
A Nova Catequese: O Reconhecimento do Catequista
A Nova Catequese: O Reconhecimento do Catequista: Cresci vendo um homem que estava, todos os domingos, em uma praça pública pregando a palavra de Deus. Por muitos e muitos anos ele pregou...
O Reconhecimento do Catequista
Cresci vendo um homem que estava, todos os domingos,
em uma praça pública pregando a palavra de Deus.
Por muitos e muitos anos ele pregou e nunca, em
todas vezes que passei por ele, eu vi uma única pessoa parar para escutá-lo.
Um dia, já adulto, passando por este homem, eu
resolvi parar e perguntar a ele: por que continuava, depois de tantos anos, a
pregar sem que ninguém o ouvisse?
Tristonho mas ainda convicto e decidido,
respondeu-me: “Se eu parar, então não terei convertido ninguém, mas eu terei
sido convertido por ele.”
Esta é uma historinha que ouvi, ainda menino e nunca
me esqueci dela. Sabia que um dia, ela iria ser útil à minha vida e hoje, vejo
que o trabalho do catequista é diário, contínuo e nem sempre, melhor dizendo,
na maioria das vezes, não tem nenhum reconhecimento..
Mas a função do catequista é retirar do mundo, almas
que serão entregues a Deu. Ntão como poder esperar que o mundo dê algum
reconhecimento?
Aquele homem, ou a pessoa que me contou tal historinha
não vive mais entre nós, mas as suas palavras estão vivas e sendo transmitidas
através do tempo, como o faço agora.
As pessoas que hoje são catequizadas, em um futuro distante
ou próximo, estarão repetindo frases que ouvirem agora, no presente e nos
nossos dias. Contarão historinhas que contarmos a elas e agirão de acordo com
aquilo que lhes é ensinado.
“Tal
como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra,
sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o
pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta
sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua
missão.” (Isaías 55:10-11)
Entretanto, o tempo de Deus não é de conhecimento
dos homens e o galardão será dado a seu tempo e todos regozijarão por seu desvelo.
Não há recompensas do mundo, mas há no Reino dos Céus!
Recomendo a leitura do livro "O Verdadeiro Homem"
domingo, 10 de agosto de 2014
Feliz dia dos pais!
Todos os dias começam, mas logo terminam, assim como quase
tudo nesta vida. Mas a condição paterna
não termina nunca. Ela se inicia no dia em que o pai se propõe a sê-lo e, ainda
que este venha a morrer, seus ensinamentos ficam. Ainda que o único legado que
um pai tenha deixado, seja o silêncio, lembremo-nos que, no silêncio as maiores
mentes criaram as frases que mudaram o mundo.
Feliz dia dos pais, incondicionalmente, a todos os pais!
quarta-feira, 30 de julho de 2014
A Nova Catequese: TERCEIRO POST DA FORMAÇÃO NA CAPELINHA DE 21 A 24 ...
A Nova Catequese: TERCEIRO POST DA FORMAÇÃO NA CAPELINHA DE 21 A 24 ...: Hoje venho postar e comentar mais uma das historinhas contadas por Solange Maria do Carmo , durante a formação que tivemos entre os dias 21...
TERCEIRO POST DA FORMAÇÃO NA CAPELINHA DE 21 A 24 DE JULHO
Hoje venho postar e
comentar mais uma das historinhas contadas por Solange Maria do Carmo, durante
a formação que tivemos entre os dias 21 e 24 de julho de 2014 na Capelinha.
Gostaria de iniciar
falando de uma pergunta feita no facebook por Imaculada Cintra que gerou boa repercussão
e que tem tudo a ver com o assunto em questão: “Aqui pensando... Se existe tanta gente com uma vasta
caminhada de fé na comunidade, porque ainda temos essa escassez de catequistas
em todas as paróquias???????????”.
“Havia um cachorro
dormindo tranqüilo, quando sentiu o cheiro de um coelho desavisado que passou
por ele. O cachorro abriu os olhos e viu o gordinho coelho que, com o susto, se
pôs a correr.
Sem pensar muito,
devido ao instinto de caçador do cachorro, este se pôs a correr e a latir, atrás
do apetitoso coelhinho que corria por todos os lados, em busca de um
esconderijo, o qual não encontrava.
Quem já ouviu um
cachorro caçar em silêncio? Nem eu. E nosso cãozinho aqui não era diferente.
Quem nunca viu um
cachorro correr atrás de uma roda, e a medida que passam por outro cachorro,
este também começa a correr, só para compartilhar o instinto da raça?
Desta forma, conforme o
coelho ia ganhando chão, o cachorro seguia latindo atrás dele e outro cachorro
o ouviu, passando a seguir latindo atrás.
Outro cachorro ouviu
aquela algazarra toda e apressou-se a seguir a fila e assim, outro e mais outro
e quando se deu conta, mais de dez cachorrinhos estavam correndo atrás do
primeiro que corria atrás do coelho.
Acontece que, em um
dado momento, o último cachorro da fila parou e pensou: - Por que estou
correndo afinal? – e resolveu ir descansar, deixando o posto de último da fila
para outro cão.
O outro cãozinho, agora
o último da fila, também não entendeu porque tantas voltas e tantos latidos. Cansou-se
da brincadeira e resolveu ir dormir mais um pouco.
Cachorro é um bicho
esperto e, em pouco tempo, todos pararam para refletir e chegaram a mesma
conclusão de que dormir era mais negócio, e foram todos para o seu descanso,
ficando apenas um cãozinho, ainda correndo e com o mesmo entusiasmo inicial.
Este era o primeiro cãozinho.
Moral da história:
Somente este cãozinho havia visto e sentido o coelhinho. Os demais estavam
seguindo o cachorro, mas o primeiro cachorro não seguia ninguém, ele estava
caçando mesmo.”
Solange apresentou esta
historinha para nos fazer entender as palavras de Bento XVI que disse: “Nós não
nos tornamos cristãos por causa de leis, mas por causa do encontro com Cristo”.
Em minha primeira
formação, a própria Imaculada Cintra disse que estamos lá, como catequistas,
porque fomos chamados por Cristo. Os motivos que encontramos como: porque eu
gosto de estar com crianças ou porque isso me faz bem, ou ainda, porque quero
dividir o que eu sei, entre outras, são meras desculpas que não justificam nada.
“Voluntariado e vocação eclesial são
coisas distintas.” – Diz Roseli Miranda em um comentário no post de
Imaculada, acima citado. E não está errada. Isto foi dito na formação, está
embutido nas palavras de Bento XVI e é de conhecimento da maioria dos
catequistas. Entretanto, é de conhecimento dos paroquianos?
Sabemos que os discípulos de Jesus não profetizavam, apesar
da convivência com Cristo, mas foi por causa desta convivência que receberam o
Espírito Santo e começaram a grande missão evangelizadora que chegou até nós.
O que estou tentando dizer é que nos falta fazer a
algazarra que aquele primeiro cãozinho fez, durante a sua caça, para que
despertemos o interesse nas pessoas, como foi despertado naqueles cachorrinhos
que seguiram o primeiro.
Cristo não é apenas um coelhinho e, exatamente por isso,
Ele não ficará oculto como o coelhinho da história, mas é preciso que, antes de
mais nada, coloquemos as pessoas na fila dos catequistas que correm atrás de
Cristo.
Como podemos fazer isso? Eu não sei como, ou estaria
fazendo neste momento, mas acredito que um grande passo seria convidar.
Convidar as pessoas para participarem conosco. Convidar as
pessoas para ler o que lemos, convidar as pessoas para participar do que
participamos e não nos preocuparmos com o coelhinho, porque Ele se mostrará e
tocará o coração daqueles que tiveram a vocação. Mas é preciso que estejam
abertos a isso e somente participando, poderão estar abertos.
Eu não sei, mas os organizadores do evento, tema destas
postagens que estou fazendo, têm o número exato de pessoas que se apresentaram
para ingressar na catequese a partir daquele evento. Isso não é o começo?
Sabemos que muitos convites precisam ser feitos para que
apenas uma pessoa possa ser catequista, mas se não fizermos estes convites,
como saberemos quantos são necessários?
Eu, Edison Mendes, sou apenas um catequista iniciante e não
tenho, certamente, nem conteúdo para manter um blog, mas quem disse que eu
preciso? A mim cabe fazer o que eu sei fazer, em nome da catequese, para que
possa difundir esta vocação.
Você que le estas linhas neste momento, o que pode fazer
para ajudar? Será que postar algo aqui não seria interessante? Por isso convido
a você, a deixar sua colaboração em forma de comentário. Qualquer um pode
fazê-lo, não precisa se preocupar com ortografia, porque eu posso corrigir
isso.
Um amigo catequista, cujo nome não citarei por não ter solicitado
a sua permissão, me contou que foi se oferecer para ser catequista em uma
paróquia e estava tudo acertado já, quando a pessoa que o atendia perguntou-lhe
o que ele fazia para viver e ele respondeu que era policial.
Segundo ele, a pessoa disse que não era bom que ele fosse
catequista porque policiais são pessoas que precisam usar de força no trabalho.
Veja como o despreparo nos faz ser pessoas, ainda que
despreparadas, quase solitárias em nossa missão catequética. Mas isso precisa
ter fim e precisamos repetir frases como uma que ouvi de uma amiga semana
passada: Ser catequista “não é
um testemunho moral, mas existencial. Se for olhar testemunho moral, ninguém
pode ser catequista..."
Aqui terminam os posts a respeito da formação na Capelinha,
porque foi o que consegui assimilar. Muito mais foi comentado e conteúdo muito
maior que este foi compartilhado ali, mas minha capacidade de compreensão é
limitada. Por isso, convido as pessoas que lá estiveram a deixar abaixo, como
comentário, demais tópicos que não foram abordados aqui. Quem sabe se
ajuntarmos o apanhado dos tópicos que cada um aprendeu, possamos reproduzir a
riqueza dos ensinamentos que foram compartilhados naquele evento?
Deixo um abraço a todos e o pedido para que Deus nos abençoe,
ilumine e dirija em nossa jornada!
terça-feira, 29 de julho de 2014
A Nova Catequese: A Catequese Mudou Porque o Mundo Mudou.
A Nova Catequese: A Catequese Mudou Porque o Mundo Mudou.: Antes se ensinava três perguntas fundamentais que precisávamos trazer decorado, para que pudéssemos “diplomar-nos”, além das orações e os m...
A Catequese Mudou Porque o Mundo Mudou.
Antes se ensinava três perguntas
fundamentais que precisávamos trazer decorado, para que pudéssemos “diplomar-nos”,
além das orações e os mandamentos. Tudo decorado sem a preocupação com o
significado de cada oração, de cada palavra e cada rito, do qual se
participava. Coisas que hoje não tem mais o mesmo valor para a sociedade.
Contou-nos, Solange do Carmo,
durante a formação entre os dias 21 e 24 de julho de 2014, duas historinhas
para que pudéssemos perceber o quanto as coisas mudaram para que não tenhamos
resistência às novas mudanças. Reproduzo-as abaixo, conforme eu as conhecia,
mas ouvindo-a contar é bem mais interessante.
Havia em um grupo catequético,
dois irmãos chamados Joãozinho e Zezinho que tinham uma péssima fama de se
apoderar das coisas alheias. Eles escondiam os pertences dos demais catequizandos,
dos catequistas e de quem fosse que eles tivessem acesso, somente para poderem
gargalhar, vendo o desespero das pessoas a procurar pelo que lhes pertencia.
Certo dia, a catequista precisou
faltar ao encontro e pediu a uma amiga, também catequista, que a substituísse.
Aconteceu que a catequista que
cobriu a anterior era muito conservadora e já entrou na sala no intuito de
avaliar os catequizandos, fazendo as perguntas fundamentais; (Quem é Deus?
Quantos Deuses há? Onde está Deus?), mas ninguém sabia responder a estas
perguntas, porque não é mais assim que funciona a catequese de hoje.
Saindo em pânico, a catequista
procurou pelo padre, também muito conservador, para relatar que os
catequizandos estavam quase “se formando” e não sabiam nem mesmo quem era Deus.
Em atenção à senhora, velha
colaboradora paroquial, o padre então marcou um teste com os catequizandos para
avaliar seus conhecimentos e o dia chegou.
Enfileirados para o teste, o
padre esperava para atender a cada um, um por vez, para avaliá-los.
Os primeiros da fila eram de
família religiosa e quando disseram aos pais que seriam testados, estes
trataram logo de preparar os filhos, segundo o “catecismo” que aprenderam.
O padre chamou então, o primeiro
catequizando para o teste que, ao entrar, ouve do padre seguinte:
- Farei apenas uma pergunta,
responda e vai para a primeira comunhão, engasgue e repetirá a catequese: Quem
é Deus?
- Um Espírito perfeitíssimo que
criou o céu e a terra. – responde o garoto com toda a confiança e foi aprovado
pelo padre.
Ao sair da sala, o garoto avisa
aos demais que o teste é muito simples e que não precisam se preocupar,
enchendo-os de confiança.
O segundo catequizando foi
chamado e ao entrar, recebe a mesma pressão que o padre impôs ao anterior:
“farei apenas uma pergunta e se responder passa, mas se não responder na ponta
da língua, repetirá a catequese: Quantos Deus há?”.
Há apenas um Deus em três pessoas
que são Pai, Filho e Espírito Santo. - responde o garoto cheio de si.
Depois da resposta, é autorizado
a sair e chamar o próximo a ser testado.
Acalmando a turma, o garoto diz
que realmente o teste é muito fácil e anuncia que o próximo deveria entrar.
Os próximos da fila eram
Joãozinho e Zezinho. Pela ordem, entrou o Joãozinho cheio de confiança, mas já
balançou quando o padre fez a pressão inicial.
- Farei apenas uma pergunta,
Joãozinho. Sei como você tem dado trabalho, junto com seu irmão, mas aqui não
haverá enrolação. Somos eu e você e terá de responder sem pestanejar. Onde está
Deus?
Diante do silêncio do menino, o
padre insiste com mais força e pergunta novamente: “Onde está Deus?”.
O menino começa a se desesperar e
o padre então solta um grito: “Onde está Deus, Joãozinho?”, quando ele se
assusta e sai correndo.
Ainda em desespero, chega até a
fila e chama o irmão: “Vamos embora correndo Zezinho! Sumiram com Deus e estão
botando a culpa em nós”!
Também havia um menino que
caminhava com a sua mãe, quando passaram por uma encruzilhada, onde havia os
restos de um ”trabalho”.
A mãe viu aquilo e puxou logo o
menino de supetão, gritando para que se afastasse daquilo que era feitiço.
Sem entender nada, o menino
pergunta a mãe porque ela estava tão desesperada com uma coisa tão comum e ela
responde desesperada com a inocência da criança, que aquilo era feitiço e
feitiço era coisa do capeta.
Com um sorriso, o menino tenta
acalmar a mãe dizendo que era pra se despreocupar porque feitiço não era coisa
do capeta, já que na escola, viviam dizendo que Deus é um Espírito “feitiço”
que criou o céu e a terra.
Infelizmente é isso que se tornou
a nossa catequese: uma piada. Não estou criticando o nosso trabalho e tenho
certeza de que a Solange, ao contar estas historinhas, também não o fazia.
Apenas nos mostrou que aquilo que fazemos com tanto amor, não está sendo feito
da maneira correta, pelo simples fato de que não está mais funcionando.
Nossos jovens continuam
desinteressados. Nossos fiéis continuam se evadindo e os poucos que estão
ficando, não pensam duas vezes para procurar um benzedor ou um curandeiro, sempre
que acham necessário. Por que isso acontece?
A Solange nos deu a resposta para
esta questão naquela formação, dizendo que “não adianta conhecermos os
mandamentos de Deus sem conhecermos o Deus dos mandamentos.”
Agradecimentos à Solange do Carmo
que palestrou e aos organizadores da formação, entre eles, Imaculada Cintra,
Marcelo e frei Afonso.
domingo, 27 de julho de 2014
Semana de formação (Capelinha) 21 a 24 de julho de 2014
No primeiro dia, frei Afonso
palestrou sobre o documento do papa Francisco Evangelii Gaudium que trata da
missão evangelizadora.
Neste documento, o papa apela
para que, além da doutrina, do exemplo e do conhecimento, que tenhamos alegria
ao evangelizar.
Aquele que tem o Cristo tem a
alegria do evangelizar. “Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja
em vós, e a vossa alegria seja completa.”(Jo 15,11).
As demais palestras foram de
Solange do Carmo, teóloga, catequista e escritora autora da coleção catequese
permanente.
Precisamos parar de tentar mudar
o mundo e começar a nos adaptar a ele. Ele não mudará e as coisas tendem a
piorar ainda mais, por isso precisamos nos adaptar.
A família de antes trazia as
crianças para o catecismo, com uma base já pronta. Hoje precisamos buscar os
catequizandos lá, dentro das famílias. As famílias não colaboram e não vão
colaborar porque o modelo de família mudou. Então trabalhemos com o que temos e
não com aquilo que gostaríamos de ter.
Gostamos de imaginar a família
ideal e queremos catequizar para as crianças destas famílias. Para que a
catequese dê certo precisamos esquecer a família ideal e trabalhar com a
família atual, assumindo o mundo como ele é.
Antes a Igreja falava com
autoridade porque podia falar assim. As famílias não tinham opção e mantinham a
tradição, o que não acontece mais hoje em dia.
No mundo de hoje, cada um faz o
que quer, como quer e quando quer. Tudo é permitido e ninguém mais aceita autoridade
seja de quem for.
“Ou aprendemos nos adaptar ao
mundo ou não temos nada a oferecer a ele.” Ou oferecemos algo muito bom ou as
pessoas vão procurar Deus em outra “freguesia”! “Hoje em dia, acontece de as
pessoas irem à missa e saírem com vontade de rezar.”
Para se ter uma boa catequese é necessário que
haja três encontros do catequizando: com Deus, com os irmãos e com ele mesma. “Não nos tornamos cristãos por causa de leis,
mas por causa do encontro com Cristo” (BentoXVI).
“Catequese não é lugar de ensinar
os mandamentos e ensinar a rezar, é lugar de encontros.” Solange afirma isso
com certeza e acrescenta: “Não adianta conhecer os mandamentos de Deus sem
conhecer o Deus dos mandamentos!”
Somente a bíblia, como material
de catequese não basta, porque ela não é um manual e porque o modo de vida
descrito nela, não é o modo de vida de hoje. Cristo não ensinou e nem ordenou
nada, apenas disse: “Vem e segue-me!”.
“Não é ensinando que o divórcio é
pecado que ele deixará de existir, mas ensinando os valores do matrimônio e da
união com Deus, que faz com que o divórcio deixe de ser tão difundido.”
A Igreja precisa de catequistas sensíveis,
para sentir a necessidade de mudanças devido às mudanças que já ocorreram na
civilização. “Não vivemos um tempo de mudanças, mas uma mudança de tempos”.
No tempo de mudança a raiz permanece.
Os valores são os mesmos e a família é a mesma. Agora tudo está mudando e não parou
de mudar ainda. Estamos em uma mudança epocal, onde os valores familiares,
religiosos e políticos são muito diferentes daqueles em que fomos educados. Nós
perdemos os critérios de medição e estamos sem algo para nos comparar como
havia anteriormente.
Na crise, tudo é difícil. As soluções
parecem não existirem e tudo o que fazemos parece estar errado, mas quando a
crise passa, olhamos para trás e vemos que a solução não era tão difícil quanto
parecia ser, porque já existe um critério de medição e poderemos fazer
comparações.
Neste tempo em que vivemos,
notamos que a família perdeu a sua formação sanguínea e o afeto tem maior valor
que os laços de sangue. Por tudo isso, precisamos nos conscientizar de que a
catequese de hoje não é a mesma de ontem e não será a de amanhã, porque estamos
em fase de transição, sem um modelo formado a seguir. A própria Igreja só está
viva, porque é sensível a estas mudanças e está acostumada a se adaptar a elas.
A fé que os nossos pais tinham,
era uma Fé que não questionava aqueles que a transmitia, mas hoje, temos de
duvidar da fé que não vem acompanhada de dúvidas. “Absolutismo é coisa da
cabeça e não do Espírito Santo”.
Os desafios que temos pela frente
são preocupantes, mas são bons porque nos desinstala do comodismo. A fé em si,
desinstala-nos. Ela desinstalou Abraão, Moisés, Maria, os apóstolos, entre
muitos outros que tiveram de deixar tudo o que conheciam em nome da fé. Há sempre
um desafio para a Igreja...
“Que bom que tudo está em crise
porque é na crise que as coisas se transformam! É melhor um católico consciente
do que 99 com uma fé inconsciente!”
Temos quatro desafios pela
frente:
DESAFIO QUERIGMÁTICO: Do grego,
querígma; aquilo que se diz ou como se diz. O querígma é o primeiro anuncio, o
conteúdo e modo do primeiro anuncio.
Para o mundo de hoje, Jesus e
cruz são a mesma coisa. Por isso o querígma se torna tão necessário, já que
perdemos os valores deste.
Antes a pessoa ia para a
catequese somente para dar uma lapidada na fé que já trazia de casa. Agora ela
vai para a catequese para conhecer a fé. “Vinham com os sapatos da fé e tudo o
que o catequista tinha de fazer era engraxá-los para dar brilho. Hoje estão
vindo descalços e estamos engraxando os seus pés.”
“Só ficará na Igreja, aqueles que
viram Jesus!” Não podemos mais ficar satisfeitos somente em ouvir falar de
Deus, precisamos fazer a experiência de Jó.
O conteúdo da catequese não pode
mais ser as orações repetidas, os mandamentos, as leis e a cultura. “O conteúdo
catequético agora deve ser a APRESENTAÇÃO DE CRISTO!”
DESAFIO DA INTERIORIDADE: Com a globalização,
não sabemos mais quem somos. Não temos mais a referência da família ideal. Não temos
referências externas e precisamos buscá-las no interior de nós mesmos.
Diante do mundo podemos fazer o
que quiser e ser o que quiser. Podemos ser homens ou mulheres. Podemos ser os
dois ou nenhum. Podemos nascer brasileiros e morrer chineses, nascer homens e
morrer mulheres, e por ai a fora. Quem somos nós então?
Antes as decisões eram baseadas
na vontade divina. Eu não fazia isso ou aquilo porque era pecado, porque eram
contra os preceitos de Deus, etc. Hoje baseamos as nossas decisões nos prós e
nos contras. A razão tem mais valor que a emoção e hoje se faz o que deixa
feliz o coração, sem importar os valores familiares ou teológicos.
DESAFIO PEDAGÓGICO: Precisamos
descobrir a pedagogia própria da religião para substituir aquela emprestada da
escola.
A nossa relação com Deus é como o
conhecimento do mar: nunca conhecemos Deus, é Ele quem nos conhece. Porque Deus
é muito maior que nós. Quando uma pessoa que nunca viu o mar, vai pela primeira
vez à praia e volta falando que conheceu o mar, na verdade foi o mar quem a
conheceu, porque pode uma pessoa que se banhou na praia dizer eu conheci o mar
com toda a sua enormidade, segredos e profundidade?
O foco da catequese não é o
catequista, nem o catequizando. É o mistério de Deus. É a catequese da
iniciação porque todos os dias se inicia na fé. É um constante dever.
A pedagogia da iniciação ainda é
desconhecida para nós. É como rezar, onde achamos que algumas palavras
repetidas é uma oração e esquecemos que rezar é entrar em comunhão com Deus. “Jesus
não pode ser ensinado porque não cabe na cabeça. Ele precisa ser sentido no
coração”!
DESAFIO ECLESIAL COMUNITÁRIO: A
fé que temos não foi inventada por nós. Ela foi transmitida por alguém. Por isso
ela é comunitária. Ela também é pessoal e intransferível, mas não é individual.
A fé pode ser pessoal porque
depende da minha resposta, é intransferível porque não posso transferi-la à
outra pessoa e não pode ser individual, exatamente por ser comunitária: “somente
na comunidade, eu posso dar sentido à verdadeira fé.”
Como viver a fé comunitária em um
mundo individualista? Este é o grande desafio.
Precisamos cobrar menos e
permitir àqueles que querem se afastar, que se afastem. Esta atitude “é uma
caridade, porque aquele que é forçado a fazer a crisma hoje será ateu no amanhã”.
Fazendo isso estaremos respeitando a decisão própria e a autenticidade da
pessoa. Qualquer cobrança exagerada vai afastar a pessoa da Igreja e não
trazê-la.
A Nova Catequese
A evasão dos cristãos acontece
porque estamos dando murro em pontas de facas. A catequese não está correta. A antiga
pedagogia não funciona mais porque a cultura mudou.
A pedagogia da iniciação é
marcada por ritos, costumes, presença, participação, etc.. O índio aprende a
sua cultura sendo mergulhado nela e não com instruções escolares.
Os apóstolos usavam a catequese
da iniciação vivendo como cristãos e transmitindo este cristianismo em que
viviam. Eles não instigavam ninguém com leis e mandamentos, apenas falavam do
amor e da vida de Cristo. (At 8,26-40).
Quando a catequese virou escola,
perdeu o sentido de ser porque não se chega a Deus com a cabeça, mas com o
coração. “As coisas de Deus não podem ser vistas senão com os olhos do coração.”
(São João Paulo II).
Com o aprendizado que temos, sabemos
o que devemos fazer, mas sem a motivação que vem do coração não colocamos a fé
em prática.
“Todo curso termina, mas a
catequese não termina nunca. A crisma virou o sacramento do adeus e passou o
bastão para a primeira comunhão. Com a idéia de que a catequese é um curso, as
pessoas se preparam para a primeira eucaristia e depois que recebem “o diploma”,
vão embora e não voltam mais.”
O ambiente precisa dizer o que
vai acontecer, como um local onde haverá festa junina. Não é preciso ninguém
dizer que ali haverá uma festa junina porque as bandeirolas e as barraquinhas
já dizem isso.
“O catequista não é um professor,
mas uma testemunha da fé.” No tempo de Jesus, não havia cultura escolar. “e
sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os
confins do mundo.” (At 1,8). Lucas não disse que devemos ser professores,
doutores, etc., ele disse a palavra “testemunhas”. Testemunhas no amor, na fé e
em Cristo.
“O catequista tem sido o instrutor
de natação que não entra na água. Fica do lado de fora da piscina, ensinado aos
alunos como nadar, sem imergir com eles na água. Quando na verdade, deve ser o
primeiro a entrar na água e a nadar”, mostrando o quão gostoso é nadar e com
isso, criando interesse nos catequizandos que vão querer entrar na água também.
Os ensinamentos que o catequista dará, será conseqüência deste interesse
inicial dos catequizandos de entrar na “água”.
Como exemplo foi citado “Creio na
ressurreição da carne”. Mas o que é carne para nós?
A carne a que nos referimos na
oração do Credo, nada mais é do que o verdadeiro espírito em que vivemos aqui. Estamos
falando que cremos que vamos ressurgir, exatamente como somos, com os nossos
sentimentos e como humanos, sem a carne e os ossos, mas não como os anjos, que
nunca tiveram corpos terrenos.
Precisamos resgatar o verdadeiro
sentido da oração que é fazer comunhão com Deus, mesmo que seja sem palavras. “Devemos
ensinar não mais as orações, mas como fazê-las. Façamos isso nos encontros evitando
o Evangelho de domingo, que são seqüenciais e difíceis e valorizando as
celebrações prazerosas.”
Precisamos buscar orientações
para interpretação bíblica e não tentarmos interpretar sem um conteúdo
adequado, como por exemplo, a negação de Cristo ao divórcio: (Mt 19, 3-12). Ao dizer
não ao divórcio, Jesus não está dizendo “não” somente ao fim do casamento, mas
está defendendo a parte mais frágil que era a mulher daquela época. Ambos os
sexos poderiam dar a carta de divórcio, mas a mulher nunca o fazia, porque ao
fazê-lo, poderia apenas voltar para a casa dos pais, onde dificilmente seriam
aceitas, mendigar ou se prostituir. Assim, os homens mal intencionados, quando
a mulher começava a dar mais despesas do que prazeres, davam-lhes a carta de
divórcio e se casavam com outras mais jovens, baseando-se nas Sagradas
Escrituras. Eram estas mulheres, as defendidas por Jesus quando disse não ao
divórcio.
Enfim, lembremos que a catequese
lúdica é prazerosa, devendo haver prazer para o catequista e para os
catequizandos. A verdadeira catequese não forma ateus, mas cristãos para a vida
toda, recuperando o BELO, o MÍSTICO e o LÚDICO.
Lembremos das palavras do papa
Francisco: “Aquele que tem o Cristo tem a alegria do evangelizar.”
Entretanto, “não se cobrem
demais, catequistas. A natação se aprende é nadando. Se está mergulhado no
mistério, isso já é o bastante.”
Meus agradecimentos ao Marcelo,Imaculada e toda comissão organizadora do evento, além da catequista, teóloga, professora e escritora Solange Maria do Carmo.
Solange é uma contadora de causos
e reproduzirei os causos, que contara durante as palestras, para exemplificação
das palavras acima reproduzidas, em uma próxima postagem.
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