quarta-feira, 30 de julho de 2014

A Nova Catequese: TERCEIRO POST DA FORMAÇÃO NA CAPELINHA DE 21 A 24 ...

A Nova Catequese: TERCEIRO POST DA FORMAÇÃO NA CAPELINHA DE 21 A 24 ...: Hoje venho postar e comentar mais uma das historinhas contadas por Solange Maria do Carmo , durante a formação que tivemos entre os dias 21...

TERCEIRO POST DA FORMAÇÃO NA CAPELINHA DE 21 A 24 DE JULHO

Hoje venho postar e comentar mais uma das historinhas contadas por Solange Maria do Carmo, durante a formação que tivemos entre os dias 21 e 24 de julho de 2014 na Capelinha.
Gostaria de iniciar falando de uma pergunta feita no facebook por Imaculada Cintra que gerou boa repercussão e que tem tudo a ver com o assunto em questão: Aqui pensando... Se existe tanta gente com uma vasta caminhada de fé na comunidade, porque ainda temos essa escassez de catequistas em todas as paróquias???????????

“Havia um cachorro dormindo tranqüilo, quando sentiu o cheiro de um coelho desavisado que passou por ele. O cachorro abriu os olhos e viu o gordinho coelho que, com o susto, se pôs a correr.
Sem pensar muito, devido ao instinto de caçador do cachorro, este se pôs a correr e a latir, atrás do apetitoso coelhinho que corria por todos os lados, em busca de um esconderijo, o qual não encontrava.
Quem já ouviu um cachorro caçar em silêncio? Nem eu. E nosso cãozinho aqui não era diferente.
Quem nunca viu um cachorro correr atrás de uma roda, e a medida que passam por outro cachorro, este também começa a correr, só para compartilhar o instinto da raça?
Desta forma, conforme o coelho ia ganhando chão, o cachorro seguia latindo atrás dele e outro cachorro o ouviu, passando a seguir latindo atrás.
Outro cachorro ouviu aquela algazarra toda e apressou-se a seguir a fila e assim, outro e mais outro e quando se deu conta, mais de dez cachorrinhos estavam correndo atrás do primeiro que corria atrás do coelho.
Acontece que, em um dado momento, o último cachorro da fila parou e pensou: - Por que estou correndo afinal? – e resolveu ir descansar, deixando o posto de último da fila para outro cão.
O outro cãozinho, agora o último da fila, também não entendeu porque tantas voltas e tantos latidos. Cansou-se da brincadeira e resolveu ir dormir mais um pouco.
Cachorro é um bicho esperto e, em pouco tempo, todos pararam para refletir e chegaram a mesma conclusão de que dormir era mais negócio, e foram todos para o seu descanso, ficando apenas um cãozinho, ainda correndo e com o mesmo entusiasmo inicial. Este era o primeiro cãozinho.
Moral da história: Somente este cãozinho havia visto e sentido o coelhinho. Os demais estavam seguindo o cachorro, mas o primeiro cachorro não seguia ninguém, ele estava caçando mesmo.”

Solange apresentou esta historinha para nos fazer entender as palavras de Bento XVI que disse: “Nós não nos tornamos cristãos por causa de leis, mas por causa do encontro com Cristo”.
Em minha primeira formação, a própria Imaculada Cintra disse que estamos lá, como catequistas, porque fomos chamados por Cristo. Os motivos que encontramos como: porque eu gosto de estar com crianças ou porque isso me faz bem, ou ainda, porque quero dividir o que eu sei, entre outras, são meras desculpas que não justificam nada.
Voluntariado e vocação eclesial são coisas distintas.” – Diz Roseli Miranda em um comentário no post de Imaculada, acima citado. E não está errada. Isto foi dito na formação, está embutido nas palavras de Bento XVI e é de conhecimento da maioria dos catequistas. Entretanto, é de conhecimento dos paroquianos?
Sabemos que os discípulos de Jesus não profetizavam, apesar da convivência com Cristo, mas foi por causa desta convivência que receberam o Espírito Santo e começaram a grande missão evangelizadora que chegou até nós.
O que estou tentando dizer é que nos falta fazer a algazarra que aquele primeiro cãozinho fez, durante a sua caça, para que despertemos o interesse nas pessoas, como foi despertado naqueles cachorrinhos que seguiram o primeiro.
Cristo não é apenas um coelhinho e, exatamente por isso, Ele não ficará oculto como o coelhinho da história, mas é preciso que, antes de mais nada, coloquemos as pessoas na fila dos catequistas que correm atrás de Cristo.
Como podemos fazer isso? Eu não sei como, ou estaria fazendo neste momento, mas acredito que um grande passo seria convidar.
Convidar as pessoas para participarem conosco. Convidar as pessoas para ler o que lemos, convidar as pessoas para participar do que participamos e não nos preocuparmos com o coelhinho, porque Ele se mostrará e tocará o coração daqueles que tiveram a vocação. Mas é preciso que estejam abertos a isso e somente participando, poderão estar abertos.
Eu não sei, mas os organizadores do evento, tema destas postagens que estou fazendo, têm o número exato de pessoas que se apresentaram para ingressar na catequese a partir daquele evento. Isso não é o começo?
Sabemos que muitos convites precisam ser feitos para que apenas uma pessoa possa ser catequista, mas se não fizermos estes convites, como saberemos quantos são necessários?
Eu, Edison Mendes, sou apenas um catequista iniciante e não tenho, certamente, nem conteúdo para manter um blog, mas quem disse que eu preciso? A mim cabe fazer o que eu sei fazer, em nome da catequese, para que possa difundir esta vocação.
Você que le estas linhas neste momento, o que pode fazer para ajudar? Será que postar algo aqui não seria interessante? Por isso convido a você, a deixar sua colaboração em forma de comentário. Qualquer um pode fazê-lo, não precisa se preocupar com ortografia, porque eu posso corrigir isso.
Um amigo catequista, cujo nome não citarei por não ter solicitado a sua permissão, me contou que foi se oferecer para ser catequista em uma paróquia e estava tudo acertado já, quando a pessoa que o atendia perguntou-lhe o que ele fazia para viver e ele respondeu que era policial.
Segundo ele, a pessoa disse que não era bom que ele fosse catequista porque policiais são pessoas que precisam usar de força no trabalho.
Veja como o despreparo nos faz ser pessoas, ainda que despreparadas, quase solitárias em nossa missão catequética. Mas isso precisa ter fim e precisamos repetir frases como uma que ouvi de uma amiga semana passada: Ser catequista “não é um testemunho moral, mas existencial. Se for olhar testemunho moral, ninguém pode ser catequista..."
Aqui terminam os posts a respeito da formação na Capelinha, porque foi o que consegui assimilar. Muito mais foi comentado e conteúdo muito maior que este foi compartilhado ali, mas minha capacidade de compreensão é limitada. Por isso, convido as pessoas que lá estiveram a deixar abaixo, como comentário, demais tópicos que não foram abordados aqui. Quem sabe se ajuntarmos o apanhado dos tópicos que cada um aprendeu, possamos reproduzir a riqueza dos ensinamentos que foram compartilhados naquele evento?

Deixo um abraço a todos e o pedido para que Deus nos abençoe, ilumine e dirija em nossa jornada!

terça-feira, 29 de julho de 2014

A Nova Catequese: A Catequese Mudou Porque o Mundo Mudou.

A Nova Catequese: A Catequese Mudou Porque o Mundo Mudou.: Antes se ensinava três perguntas fundamentais que precisávamos trazer decorado, para que pudéssemos “diplomar-nos”, além das orações e os m...

A Catequese Mudou Porque o Mundo Mudou.


Antes se ensinava três perguntas fundamentais que precisávamos trazer decorado, para que pudéssemos “diplomar-nos”, além das orações e os mandamentos. Tudo decorado sem a preocupação com o significado de cada oração, de cada palavra e cada rito, do qual se participava. Coisas que hoje não tem mais o mesmo valor para a sociedade.
Contou-nos, Solange do Carmo, durante a formação entre os dias 21 e 24 de julho de 2014, duas historinhas para que pudéssemos perceber o quanto as coisas mudaram para que não tenhamos resistência às novas mudanças. Reproduzo-as abaixo, conforme eu as conhecia, mas ouvindo-a contar é bem mais interessante.
Havia em um grupo catequético, dois irmãos chamados Joãozinho e Zezinho que tinham uma péssima fama de se apoderar das coisas alheias. Eles escondiam os pertences dos demais catequizandos, dos catequistas e de quem fosse que eles tivessem acesso, somente para poderem gargalhar, vendo o desespero das pessoas a procurar pelo que lhes pertencia.
Certo dia, a catequista precisou faltar ao encontro e pediu a uma amiga, também catequista, que a substituísse.
Aconteceu que a catequista que cobriu a anterior era muito conservadora e já entrou na sala no intuito de avaliar os catequizandos, fazendo as perguntas fundamentais; (Quem é Deus? Quantos Deuses há? Onde está Deus?), mas ninguém sabia responder a estas perguntas, porque não é mais assim que funciona a catequese de hoje.
Saindo em pânico, a catequista procurou pelo padre, também muito conservador, para relatar que os catequizandos estavam quase “se formando” e não sabiam nem mesmo quem era Deus.
Em atenção à senhora, velha colaboradora paroquial, o padre então marcou um teste com os catequizandos para avaliar seus conhecimentos e o dia chegou.
Enfileirados para o teste, o padre esperava para atender a cada um, um por vez, para avaliá-los.
Os primeiros da fila eram de família religiosa e quando disseram aos pais que seriam testados, estes trataram logo de preparar os filhos, segundo o “catecismo” que aprenderam.
O padre chamou então, o primeiro catequizando para o teste que, ao entrar, ouve do padre seguinte:
- Farei apenas uma pergunta, responda e vai para a primeira comunhão, engasgue e repetirá a catequese: Quem é Deus?
- Um Espírito perfeitíssimo que criou o céu e a terra. – responde o garoto com toda a confiança e foi aprovado pelo padre.
Ao sair da sala, o garoto avisa aos demais que o teste é muito simples e que não precisam se preocupar, enchendo-os de confiança.
O segundo catequizando foi chamado e ao entrar, recebe a mesma pressão que o padre impôs ao anterior: “farei apenas uma pergunta e se responder passa, mas se não responder na ponta da língua, repetirá a catequese: Quantos Deus há?”.
Há apenas um Deus em três pessoas que são Pai, Filho e Espírito Santo. - responde o garoto cheio de si.
Depois da resposta, é autorizado a sair e chamar o próximo a ser testado.
Acalmando a turma, o garoto diz que realmente o teste é muito fácil e anuncia que o próximo deveria entrar.
Os próximos da fila eram Joãozinho e Zezinho. Pela ordem, entrou o Joãozinho cheio de confiança, mas já balançou quando o padre fez a pressão inicial.
- Farei apenas uma pergunta, Joãozinho. Sei como você tem dado trabalho, junto com seu irmão, mas aqui não haverá enrolação. Somos eu e você e terá de responder sem pestanejar. Onde está Deus?
Diante do silêncio do menino, o padre insiste com mais força e pergunta novamente: “Onde está Deus?”.
O menino começa a se desesperar e o padre então solta um grito: “Onde está Deus, Joãozinho?”, quando ele se assusta e sai correndo.
Ainda em desespero, chega até a fila e chama o irmão: “Vamos embora correndo Zezinho! Sumiram com Deus e estão botando a culpa em nós”!




Também havia um menino que caminhava com a sua mãe, quando passaram por uma encruzilhada, onde havia os restos de um ”trabalho”.
A mãe viu aquilo e puxou logo o menino de supetão, gritando para que se afastasse daquilo que era feitiço.
Sem entender nada, o menino pergunta a mãe porque ela estava tão desesperada com uma coisa tão comum e ela responde desesperada com a inocência da criança, que aquilo era feitiço e feitiço era coisa do capeta.
Com um sorriso, o menino tenta acalmar a mãe dizendo que era pra se despreocupar porque feitiço não era coisa do capeta, já que na escola, viviam dizendo que Deus é um Espírito “feitiço” que criou o céu e a terra.



Infelizmente é isso que se tornou a nossa catequese: uma piada. Não estou criticando o nosso trabalho e tenho certeza de que a Solange, ao contar estas historinhas, também não o fazia. Apenas nos mostrou que aquilo que fazemos com tanto amor, não está sendo feito da maneira correta, pelo simples fato de que não está mais funcionando.
Nossos jovens continuam desinteressados. Nossos fiéis continuam se evadindo e os poucos que estão ficando, não pensam duas vezes para procurar um benzedor ou um curandeiro, sempre que acham necessário. Por que isso acontece?
A Solange nos deu a resposta para esta questão naquela formação, dizendo que “não adianta conhecermos os mandamentos de Deus sem conhecermos o Deus dos mandamentos.”
Agradecimentos à Solange do Carmo que palestrou e aos organizadores da formação, entre eles, Imaculada Cintra, Marcelo e frei Afonso.








domingo, 27 de julho de 2014

Semana de formação (Capelinha) 21 a 24 de julho de 2014



No primeiro dia, frei Afonso palestrou sobre o documento do papa Francisco Evangelii Gaudium que trata da missão evangelizadora.
Neste documento, o papa apela para que, além da doutrina, do exemplo e do conhecimento, que tenhamos alegria ao evangelizar.
Aquele que tem o Cristo tem a alegria do evangelizar. “Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.”(Jo 15,11).
As demais palestras foram de Solange do Carmo, teóloga, catequista e escritora autora da coleção catequese permanente.
Precisamos parar de tentar mudar o mundo e começar a nos adaptar a ele. Ele não mudará e as coisas tendem a piorar ainda mais, por isso precisamos nos adaptar.
A família de antes trazia as crianças para o catecismo, com uma base já pronta. Hoje precisamos buscar os catequizandos lá, dentro das famílias. As famílias não colaboram e não vão colaborar porque o modelo de família mudou. Então trabalhemos com o que temos e não com aquilo que gostaríamos de ter.
Gostamos de imaginar a família ideal e queremos catequizar para as crianças destas famílias. Para que a catequese dê certo precisamos esquecer a família ideal e trabalhar com a família atual, assumindo o mundo como ele é.
Antes a Igreja falava com autoridade porque podia falar assim. As famílias não tinham opção e mantinham a tradição, o que não acontece mais hoje em dia.
No mundo de hoje, cada um faz o que quer, como quer e quando quer. Tudo é permitido e ninguém mais aceita autoridade seja de quem for.
“Ou aprendemos nos adaptar ao mundo ou não temos nada a oferecer a ele.” Ou oferecemos algo muito bom ou as pessoas vão procurar Deus em outra “freguesia”! “Hoje em dia, acontece de as pessoas irem à missa e saírem com vontade de rezar.”
 Para se ter uma boa catequese é necessário que haja três encontros do catequizando: com Deus, com os irmãos e com ele mesma.  “Não nos tornamos cristãos por causa de leis, mas por causa do encontro com Cristo” (BentoXVI).
“Catequese não é lugar de ensinar os mandamentos e ensinar a rezar, é lugar de encontros.” Solange afirma isso com certeza e acrescenta: “Não adianta conhecer os mandamentos de Deus sem conhecer o Deus dos mandamentos!”
Somente a bíblia, como material de catequese não basta, porque ela não é um manual e porque o modo de vida descrito nela, não é o modo de vida de hoje. Cristo não ensinou e nem ordenou nada, apenas disse: “Vem e segue-me!”.
“Não é ensinando que o divórcio é pecado que ele deixará de existir, mas ensinando os valores do matrimônio e da união com Deus, que faz com que o divórcio deixe de ser tão difundido.”
A Igreja precisa de catequistas sensíveis, para sentir a necessidade de mudanças devido às mudanças que já ocorreram na civilização. “Não vivemos um tempo de mudanças, mas uma mudança de tempos”.
No tempo de mudança a raiz permanece. Os valores são os mesmos e a família é a mesma. Agora tudo está mudando e não parou de mudar ainda. Estamos em uma mudança epocal, onde os valores familiares, religiosos e políticos são muito diferentes daqueles em que fomos educados. Nós perdemos os critérios de medição e estamos sem algo para nos comparar como havia anteriormente.
Na crise, tudo é difícil. As soluções parecem não existirem e tudo o que fazemos parece estar errado, mas quando a crise passa, olhamos para trás e vemos que a solução não era tão difícil quanto parecia ser, porque já existe um critério de medição e poderemos fazer comparações.
Neste tempo em que vivemos, notamos que a família perdeu a sua formação sanguínea e o afeto tem maior valor que os laços de sangue. Por tudo isso, precisamos nos conscientizar de que a catequese de hoje não é a mesma de ontem e não será a de amanhã, porque estamos em fase de transição, sem um modelo formado a seguir. A própria Igreja só está viva, porque é sensível a estas mudanças e está acostumada a se adaptar a elas.
A fé que os nossos pais tinham, era uma Fé que não questionava aqueles que a transmitia, mas hoje, temos de duvidar da fé que não vem acompanhada de dúvidas. “Absolutismo é coisa da cabeça e não do Espírito Santo”.
Os desafios que temos pela frente são preocupantes, mas são bons porque nos desinstala do comodismo. A fé em si, desinstala-nos. Ela desinstalou Abraão, Moisés, Maria, os apóstolos, entre muitos outros que tiveram de deixar tudo o que conheciam em nome da fé. Há sempre um desafio para a Igreja...
“Que bom que tudo está em crise porque é na crise que as coisas se transformam! É melhor um católico consciente do que 99 com uma fé inconsciente!”
Temos quatro desafios pela frente:
DESAFIO QUERIGMÁTICO: Do grego, querígma; aquilo que se diz ou como se diz. O querígma é o primeiro anuncio, o conteúdo e modo do primeiro anuncio.
Para o mundo de hoje, Jesus e cruz são a mesma coisa. Por isso o querígma se torna tão necessário, já que perdemos os valores deste.
Antes a pessoa ia para a catequese somente para dar uma lapidada na fé que já trazia de casa. Agora ela vai para a catequese para conhecer a fé. “Vinham com os sapatos da fé e tudo o que o catequista tinha de fazer era engraxá-los para dar brilho. Hoje estão vindo descalços e estamos engraxando os seus pés.”
“Só ficará na Igreja, aqueles que viram Jesus!” Não podemos mais ficar satisfeitos somente em ouvir falar de Deus, precisamos fazer a experiência de Jó.
O conteúdo da catequese não pode mais ser as orações repetidas, os mandamentos, as leis e a cultura. “O conteúdo catequético agora deve ser a APRESENTAÇÃO DE CRISTO!”
DESAFIO DA INTERIORIDADE: Com a globalização, não sabemos mais quem somos. Não temos mais a referência da família ideal. Não temos referências externas e precisamos buscá-las no interior de nós mesmos.
Diante do mundo podemos fazer o que quiser e ser o que quiser. Podemos ser homens ou mulheres. Podemos ser os dois ou nenhum. Podemos nascer brasileiros e morrer chineses, nascer homens e morrer mulheres, e por ai a fora. Quem somos nós então?
Antes as decisões eram baseadas na vontade divina. Eu não fazia isso ou aquilo porque era pecado, porque eram contra os preceitos de Deus, etc. Hoje baseamos as nossas decisões nos prós e nos contras. A razão tem mais valor que a emoção e hoje se faz o que deixa feliz o coração, sem importar os valores familiares ou teológicos.
DESAFIO PEDAGÓGICO: Precisamos descobrir a pedagogia própria da religião para substituir aquela emprestada da escola.
A nossa relação com Deus é como o conhecimento do mar: nunca conhecemos Deus, é Ele quem nos conhece. Porque Deus é muito maior que nós. Quando uma pessoa que nunca viu o mar, vai pela primeira vez à praia e volta falando que conheceu o mar, na verdade foi o mar quem a conheceu, porque pode uma pessoa que se banhou na praia dizer eu conheci o mar com toda a sua enormidade, segredos e profundidade?
O foco da catequese não é o catequista, nem o catequizando. É o mistério de Deus. É a catequese da iniciação porque todos os dias se inicia na fé. É um constante dever.
A pedagogia da iniciação ainda é desconhecida para nós. É como rezar, onde achamos que algumas palavras repetidas é uma oração e esquecemos que rezar é entrar em comunhão com Deus. “Jesus não pode ser ensinado porque não cabe na cabeça. Ele precisa ser sentido no coração”!
DESAFIO ECLESIAL COMUNITÁRIO: A fé que temos não foi inventada por nós. Ela foi transmitida por alguém. Por isso ela é comunitária. Ela também é pessoal e intransferível, mas não é individual.
A fé pode ser pessoal porque depende da minha resposta, é intransferível porque não posso transferi-la à outra pessoa e não pode ser individual, exatamente por ser comunitária: “somente na comunidade, eu posso dar sentido à verdadeira fé.”
Como viver a fé comunitária em um mundo individualista? Este é o grande desafio.
Precisamos cobrar menos e permitir àqueles que querem se afastar, que se afastem. Esta atitude “é uma caridade, porque aquele que é forçado a fazer a crisma hoje será ateu no amanhã”. Fazendo isso estaremos respeitando a decisão própria e a autenticidade da pessoa. Qualquer cobrança exagerada vai afastar a pessoa da Igreja e não trazê-la.



A Nova Catequese
A evasão dos cristãos acontece porque estamos dando murro em pontas de facas. A catequese não está correta. A antiga pedagogia não funciona mais porque a cultura mudou.
A pedagogia da iniciação é marcada por ritos, costumes, presença, participação, etc.. O índio aprende a sua cultura sendo mergulhado nela e não com instruções escolares.
Os apóstolos usavam a catequese da iniciação vivendo como cristãos e transmitindo este cristianismo em que viviam. Eles não instigavam ninguém com leis e mandamentos, apenas falavam do amor e da vida de Cristo. (At 8,26-40).
Quando a catequese virou escola, perdeu o sentido de ser porque não se chega a Deus com a cabeça, mas com o coração. “As coisas de Deus não podem ser vistas senão com os olhos do coração.” (São João Paulo II).
Com o aprendizado que temos, sabemos o que devemos fazer, mas sem a motivação que vem do coração não colocamos a fé em prática.
“Todo curso termina, mas a catequese não termina nunca. A crisma virou o sacramento do adeus e passou o bastão para a primeira comunhão. Com a idéia de que a catequese é um curso, as pessoas se preparam para a primeira eucaristia e depois que recebem “o diploma”, vão embora e não voltam mais.”
O ambiente precisa dizer o que vai acontecer, como um local onde haverá festa junina. Não é preciso ninguém dizer que ali haverá uma festa junina porque as bandeirolas e as barraquinhas já dizem isso.
“O catequista não é um professor, mas uma testemunha da fé.” No tempo de Jesus, não havia cultura escolar. “e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo.” (At 1,8). Lucas não disse que devemos ser professores, doutores, etc., ele disse a palavra “testemunhas”. Testemunhas no amor, na fé e em Cristo.
“O catequista tem sido o instrutor de natação que não entra na água. Fica do lado de fora da piscina, ensinado aos alunos como nadar, sem imergir com eles na água. Quando na verdade, deve ser o primeiro a entrar na água e a nadar”, mostrando o quão gostoso é nadar e com isso, criando interesse nos catequizandos que vão querer entrar na água também. Os ensinamentos que o catequista dará, será conseqüência deste interesse inicial dos catequizandos de entrar na “água”.
Como exemplo foi citado “Creio na ressurreição da carne”. Mas o que é carne para nós?
A carne a que nos referimos na oração do Credo, nada mais é do que o verdadeiro espírito em que vivemos aqui. Estamos falando que cremos que vamos ressurgir, exatamente como somos, com os nossos sentimentos e como humanos, sem a carne e os ossos, mas não como os anjos, que nunca tiveram corpos terrenos.
Precisamos resgatar o verdadeiro sentido da oração que é fazer comunhão com Deus, mesmo que seja sem palavras. “Devemos ensinar não mais as orações, mas como fazê-las. Façamos isso nos encontros evitando o Evangelho de domingo, que são seqüenciais e difíceis e valorizando as celebrações prazerosas.”
Precisamos buscar orientações para interpretação bíblica e não tentarmos interpretar sem um conteúdo adequado, como por exemplo, a negação de Cristo ao divórcio: (Mt 19, 3-12). Ao dizer não ao divórcio, Jesus não está dizendo “não” somente ao fim do casamento, mas está defendendo a parte mais frágil que era a mulher daquela época. Ambos os sexos poderiam dar a carta de divórcio, mas a mulher nunca o fazia, porque ao fazê-lo, poderia apenas voltar para a casa dos pais, onde dificilmente seriam aceitas, mendigar ou se prostituir. Assim, os homens mal intencionados, quando a mulher começava a dar mais despesas do que prazeres, davam-lhes a carta de divórcio e se casavam com outras mais jovens, baseando-se nas Sagradas Escrituras. Eram estas mulheres, as defendidas por Jesus quando disse não ao divórcio.
Enfim, lembremos que a catequese lúdica é prazerosa, devendo haver prazer para o catequista e para os catequizandos. A verdadeira catequese não forma ateus, mas cristãos para a vida toda, recuperando o BELO, o MÍSTICO e o LÚDICO.
Lembremos das palavras do papa Francisco: “Aquele que tem o Cristo tem a alegria do evangelizar.”
Entretanto, “não se cobrem demais, catequistas. A natação se aprende é nadando. Se está mergulhado no mistério, isso já é o bastante.”





Meus agradecimentos ao Marcelo,Imaculada e toda comissão organizadora do evento, além da catequista, teóloga, professora e escritora Solange Maria do Carmo.
Solange é uma contadora de causos e reproduzirei os causos, que contara durante as palestras, para exemplificação das palavras acima reproduzidas, em uma próxima postagem.