terça-feira, 29 de julho de 2014

A Catequese Mudou Porque o Mundo Mudou.


Antes se ensinava três perguntas fundamentais que precisávamos trazer decorado, para que pudéssemos “diplomar-nos”, além das orações e os mandamentos. Tudo decorado sem a preocupação com o significado de cada oração, de cada palavra e cada rito, do qual se participava. Coisas que hoje não tem mais o mesmo valor para a sociedade.
Contou-nos, Solange do Carmo, durante a formação entre os dias 21 e 24 de julho de 2014, duas historinhas para que pudéssemos perceber o quanto as coisas mudaram para que não tenhamos resistência às novas mudanças. Reproduzo-as abaixo, conforme eu as conhecia, mas ouvindo-a contar é bem mais interessante.
Havia em um grupo catequético, dois irmãos chamados Joãozinho e Zezinho que tinham uma péssima fama de se apoderar das coisas alheias. Eles escondiam os pertences dos demais catequizandos, dos catequistas e de quem fosse que eles tivessem acesso, somente para poderem gargalhar, vendo o desespero das pessoas a procurar pelo que lhes pertencia.
Certo dia, a catequista precisou faltar ao encontro e pediu a uma amiga, também catequista, que a substituísse.
Aconteceu que a catequista que cobriu a anterior era muito conservadora e já entrou na sala no intuito de avaliar os catequizandos, fazendo as perguntas fundamentais; (Quem é Deus? Quantos Deuses há? Onde está Deus?), mas ninguém sabia responder a estas perguntas, porque não é mais assim que funciona a catequese de hoje.
Saindo em pânico, a catequista procurou pelo padre, também muito conservador, para relatar que os catequizandos estavam quase “se formando” e não sabiam nem mesmo quem era Deus.
Em atenção à senhora, velha colaboradora paroquial, o padre então marcou um teste com os catequizandos para avaliar seus conhecimentos e o dia chegou.
Enfileirados para o teste, o padre esperava para atender a cada um, um por vez, para avaliá-los.
Os primeiros da fila eram de família religiosa e quando disseram aos pais que seriam testados, estes trataram logo de preparar os filhos, segundo o “catecismo” que aprenderam.
O padre chamou então, o primeiro catequizando para o teste que, ao entrar, ouve do padre seguinte:
- Farei apenas uma pergunta, responda e vai para a primeira comunhão, engasgue e repetirá a catequese: Quem é Deus?
- Um Espírito perfeitíssimo que criou o céu e a terra. – responde o garoto com toda a confiança e foi aprovado pelo padre.
Ao sair da sala, o garoto avisa aos demais que o teste é muito simples e que não precisam se preocupar, enchendo-os de confiança.
O segundo catequizando foi chamado e ao entrar, recebe a mesma pressão que o padre impôs ao anterior: “farei apenas uma pergunta e se responder passa, mas se não responder na ponta da língua, repetirá a catequese: Quantos Deus há?”.
Há apenas um Deus em três pessoas que são Pai, Filho e Espírito Santo. - responde o garoto cheio de si.
Depois da resposta, é autorizado a sair e chamar o próximo a ser testado.
Acalmando a turma, o garoto diz que realmente o teste é muito fácil e anuncia que o próximo deveria entrar.
Os próximos da fila eram Joãozinho e Zezinho. Pela ordem, entrou o Joãozinho cheio de confiança, mas já balançou quando o padre fez a pressão inicial.
- Farei apenas uma pergunta, Joãozinho. Sei como você tem dado trabalho, junto com seu irmão, mas aqui não haverá enrolação. Somos eu e você e terá de responder sem pestanejar. Onde está Deus?
Diante do silêncio do menino, o padre insiste com mais força e pergunta novamente: “Onde está Deus?”.
O menino começa a se desesperar e o padre então solta um grito: “Onde está Deus, Joãozinho?”, quando ele se assusta e sai correndo.
Ainda em desespero, chega até a fila e chama o irmão: “Vamos embora correndo Zezinho! Sumiram com Deus e estão botando a culpa em nós”!




Também havia um menino que caminhava com a sua mãe, quando passaram por uma encruzilhada, onde havia os restos de um ”trabalho”.
A mãe viu aquilo e puxou logo o menino de supetão, gritando para que se afastasse daquilo que era feitiço.
Sem entender nada, o menino pergunta a mãe porque ela estava tão desesperada com uma coisa tão comum e ela responde desesperada com a inocência da criança, que aquilo era feitiço e feitiço era coisa do capeta.
Com um sorriso, o menino tenta acalmar a mãe dizendo que era pra se despreocupar porque feitiço não era coisa do capeta, já que na escola, viviam dizendo que Deus é um Espírito “feitiço” que criou o céu e a terra.



Infelizmente é isso que se tornou a nossa catequese: uma piada. Não estou criticando o nosso trabalho e tenho certeza de que a Solange, ao contar estas historinhas, também não o fazia. Apenas nos mostrou que aquilo que fazemos com tanto amor, não está sendo feito da maneira correta, pelo simples fato de que não está mais funcionando.
Nossos jovens continuam desinteressados. Nossos fiéis continuam se evadindo e os poucos que estão ficando, não pensam duas vezes para procurar um benzedor ou um curandeiro, sempre que acham necessário. Por que isso acontece?
A Solange nos deu a resposta para esta questão naquela formação, dizendo que “não adianta conhecermos os mandamentos de Deus sem conhecermos o Deus dos mandamentos.”
Agradecimentos à Solange do Carmo que palestrou e aos organizadores da formação, entre eles, Imaculada Cintra, Marcelo e frei Afonso.








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